Os novos 50
Esta ideia de que os 50 são os novos 40 tem o seu quê de maléfico. Subjacente ao seu lado sombrio está uma ditadura implacável de elegância e frescura que pressiona a mulher a enfiar o pé no sapato da Cinderela, doa o que doer. De repente, o que pode parecer uma evolução torna-se num retrocesso.
Dobrar o meio século é uma espécie de vitória amarga. Chega-se ali à esquina após uma já longa prova de endurance e o corpo começa a mostrar que não se vai para nova. Estando-se nas tintas para o aumento da esperança de vida, a menopausa chega nos timings da velha guarda. O metabolismo altera-se, os quilinhos a mais e o inchaço na barriga tentam ficar, as rugas ganham terreno. Neste processo inexorável, onde fica então a beleza? Onde a mulher quiser. Agora sim, entramos na parte deliciosa que é ter alguma idade.
Contrariando as revistas, as estrelas do showbiz que desafiam a gravidade a todo o custo e o marketing furioso que vende tudo o que promete lutar contra o tempo, somos livres para gritar alto-e-para-o-baile, que agora quem decide sou eu: e eu declaro que os meus 50 não querem ser os novos 40; não têm necessidade de pedir licença para serem exatamente como são, cheios do bom e do… menos bom (porque para viver há que comprar o pacote inteiro).
Sim, há mudanças no modo como hoje se está nos “entas”. É um facto que as nossas mães e avós não tinham as oportunidades que hoje nos são apresentadas; os modos de socialização eram distintos e os horizontes, em muitos casos, bem mais estreitos. Mas daí a sentir-se a necessidade de obliterar a quantidade de anos, por muitos que sejam, é dar corda ao preconceito. Se há alguma forma de apresentar a diferença da nossa para as anteriores gerações, diga-se simplesmente: estou nos novos 50. Não são 49+1, são mesmo 50. E quando forem 59+1, é sinal de que entro em glória nos 60. Ou vamos chamar aos 60 os novos 50? Aos 70 os novos 60? Por favor…
#50anos