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Avó Cool

Avó Cool

Finalmente, na moda

Não gosto de comprar roupa, ver montras ou seguir atentamente as tendências, mas tenho vaidade q.b. Acontece que no meu conceito de beleza nunca coube um roupeiro cheio. A Terra concorda comigo.

As peças empilhadas na fotografia foram respigadas do armário de uma amiga. Entre nós, amigas, é comum circularem sacos com roupa usada em bom estado, que por algum motivo já não se deseja. Quando me toca a mim receber, aceito e agradeço. Sempre me pareceu uma forma feliz e cúmplice, absolutamente feminina, esta de adaptar ao estilo pessoal o que chega para uma segunda vida.

A questão do dinheiro não é, neste processo de reutilização e reciclagem, o motivo maior (embora conte), sabendo-se que hoje se encontra à venda roupa por valores acessíveis todo o ano, mais ainda em época de saldos. Compõem o meu argumentário um espírito consumista que foi sempre meio frouxo, o princípio ético e ancestral de reaproveitamento do que ainda está bom e, agora, a preocupação com o ambiente. Finalmente estou na moda, mas com grande pena minha.

A todos nós se pede CONTENÇÃO, o que no que toca aos têxteis significa comprar menos. A beleza nunca ficará em risco, como mostram cada vez mais mulheres e as jovens gerações para quem a “urgência em mudar o mundo” deixou de ser um cliché – é a necessidade.

 

Sobre a pegada ecológica que é fundamental mitigar, ficam alguns factos:

1 – A indústria têxtil e de vestuário é a segunda mais poluente do mundo. À frente, só a petrolífera.

2 – Consumo excessivo de água (por exemplo, só a produção de uma t-shirt de algodão exige 2700 litros de água); contaminação de rios, oceanos e, óbvio, da água para consumo (seja devido aos pesticidas usados nas plantações de algodão, aos tintos altamente perniciosos utilizados ou à presença de microfibras no processo produtivo e em cada lavagem das peças em nossa casa); emissão de CO2 (essencialmente na produção de poliéster) – eis o triste rasto da indústria têxtil e de vestuário.

3 – Em Portugal deita-se para o lixo uma média de 200 mil toneladas de têxteis por ano. Um europeu ou um norte-americano compram uma média de 16 quilos de roupa por ano. O que diz isto de nós?

5 – A chamada fast fashion (moda acessível) está em alta, prevendo-se que continue a crescer… com a nossa vaidade.

 

Como contrariar?

1 – Refrear o ímpeto consumista, reduzindo a compra de novas peças de vestuário.

2 – Optar por marcas com “selo verde”, indicando métodos de produção e tingimento mais sustentáveis ou o recurso a novos materiais alternativos.

3 – Privilegiar a aquisição de peças duráveis, intemporais e versáteis.

4 – Rejeitar peças da fast fashion, pensando no que elas significam para o ambiente, mas também para o equilíbrio social: o que sai barato a nós sai caro nos países de produção, onde a mão-de-obra quase não tem valor de vida.

5 – Pensar que cumprir a moda do momento é entrar num seguidismo que nada abona a favor da liberdade individual. Ser livre de tendências é uma boa tendência. Seguir ávida e despreocupadamente a fast fashion tornou-se o cúmulo da pirosada.

#naosejaspirosa

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