Desafio de escrita dos pássaros #5
Ó meus amigos, ninguém merece estar tanto tempo numa fila à espera de saber se vai para a penthouse ou desce à fossa, que isto do… que foi, estou a ser desrespeitoso? Então porquê? Espere lá você, que morto por cem morto por mil e a mim já ninguém cala! Como estava eu a dizer, já vimos que isto do purgatório é para nos borrarmos de medo e até entendo, todos os que cá estão fizeram algumas sacanices lá no rés-do-chão, mas nada que se compare à obra deste sacana, sim, tu, e tira-me esse sorriso das fuças se não queres reincarnar como bactéria de frúnculo do cu, seu monte de merda, espirro de punh… desculpe, porteiro celestial, mas aqui o Adolfinho está morto há 74 anos e ainda não aprendeu nada. Eu falo com bons modos, deixe-me acabar, vá lá. Então estamos num impasse, ninguém quer este traste, o que é preocupante porque enquanto o desalmado não entrar por uma dessas duas portas estamos a morrer de tédio, passe a expressão que finados já somos, numa fila cada vez maior porque a Terra não é um lugar de anjinhos e… está bem, vou direto ao assunto. Tenho uma proposta para levarem às altas instâncias do paraíso e do inferno: rapar o bigode ao gajo. Olhem, olhem, estão a ver como ele tirou logo o sorrisinho da fronha? Seu cabrão, o teu azar é eu ser português; sei muito bem o que um bigode faz ou não faz por um homem e a ti já tirei a pinta e o pelo, sem essa merda vais parecer um desgraçado sugado pelas Finanças ou um coninh… está bem, eu paro com o asneiredo, é que olho para ele e, ‘da-se, passo-me, enfim, mas é o que vos digo, sem o bigode ele perde a identidade e a aura, perde tudo e fica perdido para sempre. Cretinos como este implodem por coisas pequenas e a dele, a de cima porque a debaixo nunca vi, se bem que os punha no cepo em como é uma cedilhita entre as pernas, ao desaparecer vai criar uma combustão que é qualquer coisa. Alguém tem uma navalha? Não? Morte, empresta aí a foice!
[“Estás na fila para o purgatório e Hitler está à tua frente. Ninguém o quer aceitar e a fila não anda. Escreve a tua intervenção para convencer um dos lados a aceitá-lo” - foi este o tema (a que não fui totalmente fiel) dado esta semana aos bloggers participantes no Desafio de Escrita dos Pássaros. Adorei esta iniciativa; permitiu-me experimentar diferentes registos de escrita ao longo de cinco semanas e sobretudo descobrir o talento e a criatividade de tantos participantes, mas vou desistir… O Desafio dos Pássaros continua até ao final do ano, eu fico por aqui. Não há críticas negativas a tecer à dinâmica criada na comunidade; o problema está em mim que não consigo ainda ter uma cadência de publicações que me permita diversificar a natureza dos meus posts. Ou seja, neste momento o meu blog está transformado num desafio de escrita e não é esse o seu propósito. Agora, se vou acompanhar os voos do bando? Vou!]