A natureza no comando
Vi-o ali no meio de um trilho pedregoso, seguro ao ramo de um pinheiro nos princípios de uma queda abrupta da encosta. “Natureza no comando”, avisava, e eu aceitei. Perco-me por baloiços. Neste encontrei o extra da mensagem pintada de sol e umas quantas perguntas: o que decides ver? O precipício ou a paisagem? Prendem-te as pedras por baixo, o risco de queda, ou chama-te a liberdade do vale?
Um baloiço vai atrás e à frente, sem medidas de tempo, entregue a um movimento pendular que tem em si um estado de eternidade. Quando nos sentamos nele, damos lanço, vamos e voltamos, vamos e voltamos, e nada mais conta. Num baloiço experiencia-se o quase não pensamento; vive-se a brincadeira com o ar, a sugestão de voo do corpo. Percebe-se só depois como é boa a leveza do fugidio “estar aqui e agora” que, quando pensado, desaparece.
Um baloiço não convida a um balanço, mas convidou-me a retomar este blogue. Não vou por isso explicar por que motivos, e foram vários, estive tantos meses afastada ou por quanto tempo ficarei. A vida nem sempre tem para nos mostrar histórias e direções, existe também nos intervalos. Com a natureza ao comando, entregamo-nos, vamos sendo.